quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O novo modelito de homem

Outro dia fui a um aniversário de uma amiga e conversando com os outros convidados, sem querer encostei a minha perna na perna de um rapaz novinho amigo dela. Espetou! Não me toquei do que havia acontecido até que olhei melhor para aquelas pernas magrinhas e com poucos pelos, mas poucos porque sofreram uma depilação!

Achei engraçado, aquilo era novo para mim, homem raspando as pernas?! Enfim comentei e perguntei, você raspa as pernas? E ele prontamente “peito e axilas também”! Ai minha Nossa Senhora, porque?! Achei que fosse gay, sei lá, mas não, ele era o “pegador das menininhas da sua idade”, ele não soube me explicar bem porque fazia aquilo, mas sem resposta não podia ficar.

Pesquisei, achei outros e acabei descobrindo que muitos homens estão fazendo isso agora. Uns dizem que é porque suam muito e é nojento (não me convenceu muito...inclusive um amigo disse que além do suor incomodar ele estava nadando, mas é mentira porque no máximo dá umas braçadas no Porto uma vez por mês, fingi que acreditei.) outros disseram que é porque tá na moda! (faça-me o favor, heim?! Alguém avisou que depois que raspa nunca mais fica molinho, igual à antes?) e ainda tiveram os que falaram que é porque as mulheres gostam! (mentira, viu? As mulheres não gostam... ou será que gostam?)

Foi aí que fui pesquisar com elas agora, para tentar entender um pouco essa nova situação. E pasmem existem mulheres que gostam mesmo! Mas EXISTEM AS QUE NÃO GOSTAM!!! Como eu, por exemplo! E mais algumas várias amigas.

Então entendi que: 1º existe um público sim para esse novo modelito de homem e 2º é um público bem específico, ou seja, por favor, não ache (você homem) que precisa fazer isso para ser bem aceito a não ser que o público que queira atingir (mulheres novinhas que seguem a moda e vivem em academia (não fazem muito mais que isso, ok?), mulheres maduras que querem experimentar algo novo, mulheres que não sabem bem o que querem e você aparece e ... serve, mulheres que não ligam em deitarem num peito espinhento e encontrarem suas pernas em pernas espinhentas e...(nunca mais deixei a depilação para depois, agora senti na pele o que eles sentem) e alguns gays (também conheço os que preferem ao natural) realmente goste disso.

Fiquei pensando... Como será que isso surgiu? Será que foi da mesma maneira que apareceu o estereotipo da mulher bonita? Magra, cabelo liso e com roupa da moda. Será que o modelo “Barbie e Ken” ganhou vida?

Será que essa preocupação exacerbada pela aparência não está tomando uma importância demasiada nas vidas dos homens de hoje?

Será que Narciso também se depilava?

Será que estamos invertendo os papéis até nesse aspecto?

Será que eles querem voltar a ser crianças (desprovidos de pelos) e diminuírem suas responsabilidades apesar de aumentarem suas idades e gastos com salões de beleza?


Não sei! Mas sei que adoro pelos no peito e barba na cara! Mas não adianta pelos no peito e barba na cara se faltar o mais importante que é sem dúvida o respeito, o carinho, o cavalheirismo, a educação, o bom papo, gostos compatíveis, o cuidado, o querer agradar... (mas confesso que peito raspado ainda não dá para mim... mas entre o raspado gentil e o peludo idiota... aiai vamos amadurecer essa idéia... ).

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

(in)dependência ou morte!

Quando eu vejo filme com a minha mãe e aparece uma cena forte, violenta, ao depender do grau de violência eu não olho e a minha mãe sempre fala: “é só um filme, minha filha, não é de verdade” e como num passe de mágica o terror dá lugar à tecnologia, a técnica de como fazer uma maquiagem tão bem feita e o que a emoção a antes apertava a boca do estômago racionaliza-se e a magia vira... “é só um filme!”

E de repente a ficha caiu (apesar de não usarmos mais fichas insistimos em usar o termo “cair a ficha” que surgiu por causa dos antigos telefones públicos. Quando se colocava a ficha e ela caia era porque a ligação seria completada, ou seja a linha de raciocínio chegaria ao seu obvio destino).

Amanhã farei uma cirurgia e por mais simples que seja, tomarei anestesia geral, usarei aquelas roupas nada atraentes de hospital e entrarei na bendita sala de cirurgia. Caramba! E dessa vez não é “só um filme!” É real! Não poderei mais, quando responder àqueles questionários de academia, emprego, doação de sangue, que nunca passei por um processo cirúrgico! (será que poderei doar sangue depois disso? Ainda não perguntei ao médico...).

A minha irmã, a minha mãe, a minha avó e metade das mulheres que comentei da cirurgia já a fizeram. Então não é nada super mega ultra fantástico fazê-la. Todo mundo faz! (e a minha mãe insiste em dizer que não sou todo mundo!)

Tava colhendo informações mais práticas com a minha irmã. Recuperação rápida, nada demais... tralalá e “PLIM!” E para tomar banho ou ir ao banheiro?

Foi aí que a ficha caiu de verdade! No 1º dia nem levantar posso sozinha, banho só sentada e com um plástico nos pontos. Falar nem pensar! Esforço nenhum, para não criar uma hérnia. OK! Acho que entendi, uma abobrinha prostrada numa cama! Dependente de tudo.

Foi aí que comecei a pensar no quão estranho é voltar a ser dependente (mesmo que por poucos dias. Já avisei que sou dramática?) dos outros para qualquer coisa. É muito estranho se sentir tão limitado. Apesar de que todos nós somos dependentes e limitados em relação a alguma coisa.
Até a mais independente das criaturas depende de algo e/ou alguém para sobreviver.
Você já se imaginou sem celular nos dias de hoje? E olha que há dez anos atrás você vivia numa boa sem ele. E sem coca-cola? Sem pão integral? Sem carro, biscoito recheado, ruffles, TELEVISÃO? Sem absorvente com abas, internet, desodorante 24h (ou 48h!), filme no vidro do carro, calculadora, cartão de débito automático, bandaid, piranha de cabelo, MP 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... ou seja, você é totalmente dependente!
É claro que existem pessoas menos dependentes que outras, mas ainda assim são dependentes também.
O objetivo desse texto é te dizer que você é dependente! (eu sou má!).
Você depende do motorista do ônibus que por sua vez depende da empresa que o contratou que depende do dono, do RH, da empresa que produz os ônibus que depende das empresas de aço e todas elas dependem da liberação do governo. Você não usa ônibus? Vai de carro? Então você é dependente da concessionária que te vendeu o carro, do combustível e dos mecânicos e tralálá...
Hoje quando você está com fome, não vai a rua caçar algo, vai ao mercado, ou seja você depende do mercado, que depende dos fornecedores...
O mundo é muito engraçado mesmo. Crescemos escutando que precisamos ser independentes. E quanto mais independentes de alguma coisa somos, nos tornamos mais dependentes de outras.

Não preciso mais do carro do papai, mas preciso do meu, do posto de gasolina, do mecânico e do meu emprego (que sou dependente para me sentir independente) para sustentar tudo isso.

Sou viciada em café e minha nutricionista é inimiga mortal dele, o café. E me diz que devo substituí-lo pelo leite (que é cálcio e previne a osteoporose e insiste em me lembrar que tenho quase 30!), então é uma substituição de dependências!

Quem assiste novelas, aqueles mais viciados, ficam arrasados quando termina uma, mas logo transferem sua dependência de jantar na frente da TV para jantar na frente da TV com a nova novela.

Somos seres dependentes, eternamente dependentes. Precisamos nos sentir precisando de algo.

E eu preciso fazer uma cirurgia amanhã! Ficará tudo bem, eu sei. E sei também que logo depois que a minha cirurgia terminar, surgirão novas dependências na minha vida. Só espero que essas próximas não precisem de anestesia geral! E que D. Pedro não me escute, mas esse negócio de “independência ou morte” é pura balela. Faltou a opção: alguma dependência! Porque se algum dia o ser humano se tornar independente, é porque ele já não é mais tão humano assim.


Dominique Meirelles
29/10/09 véspera da cirurgia