quinta-feira, 8 de julho de 2010

Festejos Juninos


Hoje foi a final do concurso de quadrilhas na Praça Municipal. Foi emocionante ver todas aquelas cores e movimentos, embalados por um som que toca nossas lembranças. Nos remetendo à nossa infância, quando nos fantasiávamos de caipiras com aqueles vestidos coloridos, cheios de babados, fitas no cabelo, chapéu de palha com tranças cumpridas presas a eles. Ensaios na escola e a agonia de ficar com o “parceiro certo”. E sair para comprar fogos com o pai. Aquele cheiro de pólvora, as mesmas recomendações de como soltá-los. E a maquiagem cheia de bolinhas nas bochechas por cima daquele blush cor de rosa.

As comidas típicas deliciosas. Os sabores também estão tão vivos... A canjica da vó, o amendoim cozido da tia, o bolo de carimã, o milho na brasa. A fogueira enorme e os fogos maiores que só o pai e o tio soltavam, eram perigosos para criança. Mas eram lindos de se ver.

E estava lá na Praça Municipal quando me dei conta quanto tempo não sentia aquilo. Já havia pelo menos uns 17 anos que não passava tal festa em Salvador e nos interiores que ia não via muito essas tradições, nem sei se ainda são cultivadas, eu ia ver as bandas nas praças, cheguei a ir a alguns forrós fechados, mas o fato é que a tradição estava um pouco perdida para mim. Fiquei muito feliz de sentir o coração bater diferente hoje quando, mesmo que trabalhando, parei um instante para ver uma apresentação inteira de uma quadrilha, que por sinal foi a campeã, a quadrilha Asa Branca, daqui de Salvador mesmo. E foi ali, naqueles 25 minutos de espetáculo, que senti todo esse resgate e bem aqui na minha cidade.

O São João sempre foi a minha festa preferida do ano, porque é um evento aconchegante, onde existe romantismo, histórias mais próximas da realidade daqui, regional. É um evento simples e rico em detalhes. As quadrilhas são uma tradição européia, mais precisamente francesa, mas trazida pelos portugueses, inclusive esse figurino exuberante. No século XIX ela estava presente nas grandes festas de toda a Europa. A zabumba é uma marcação que dita o ritmo das batidas dos nossos corações, como os tambores africanos que falam com os nossos corpos. E as comidas com influência indígena, cheia de milhos, cocos, farinhas.

É também uma festa de santos, três para ser mais exata. Santo Antônio, São João e São Pedro.

Foi realmente uma experiência rica poder apreciar um pouco desse resgate cultural. Cheia de histórias fortes de gente simples e idealistas. Como Lampião, Gonzagão e tantos outros que nos remetem a tais festejos.

Uma mistura de fervor do nosso povo com a tradição dos santos só podia resultar em algo tão singular: Festa de São João.

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